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Ficha Criminal Nome:Tommy Molto 30, carioca, agora paulista, scrummaster, gerente de projetos, analista de sistemas e engenheiro de telecomunicações e tradutor e músico e... Email:tommymolto@gmail.com
Frase do Dia:
Nelson Rodrigues
Blogs Filmes... Cashern Um filme de ação oriental interessantíssimo, parece que foi baseado em um anime. Visual muito bom! Tentação (we dont live here anymore) Bem interessante a visão de traição abordada no filme Sin City Para mim, impossível algum filme roubar o lugar desse como melhor do ano. Parecia um sonho, quadrinhos na telona! Seriados... Taken Ok, foi uma minissérie, mas foi muito foda, e vi numa maratona, o que me fez sentir como um filme. Acho que depois disso o Spielberg não tem mais o que falar sobre alienígenas, finalmente!:P Lost Depois de uma primeira temporada perfeita, começou meio mal mas já se recuperou brilhantemente. E só de saber q o Jeff Loeb vai escrever e o Daren "PI" vai dirigir um capítulo, só deixa mais com sede desse seriado. Nip Tuck Achei que nunca iria gostar de um seriado com um tema banal, a vida de cirurgiões plásticos. O maior vício que tive este ano! Histórias e crítica a sociedade das aparências muiito fodas. Músicas da Semana... Revistas .:Fábulas (Fables) .:Sin City .:Estranhos no Paraíso .:Crise infinita .:V de Vingança .:Monstro do Pantano (fase Alan Moore) .:Preacher .:Demolidor (fase Bendis-Maleev) .:Os Sete Soldados da Vitória .:We3 .:SJA .:Alias .:Y- the last man Links ChiNEWSki NoMinimo Charges Folha Pensata Scream and Yell Omelete SobreCarga deviantART Velvet Cds Desenhado por Amy
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quarta-feira, maio 22, 2002
Eter Ainda dava tempo pra mais uma rodada. Ethel estava atenta ao relógio. Ainda era cinco e vinte, faltava mais de meia hora para sua próxima aula. Modelos Matemáticos Aplicados a Telecomunicação I. Nunca entendeu isso. No primeiro período, teve Cálculo I, onde viu que não sabia nada certo, que toda curva era uma reta e vice versa. Três anos depois, vem um professor falar que não era bem assim, devíamos deixar as curvas como curvas mesmas e as retas o mais retas possível. Nem sabia se ia ter espírito para ver a aula. Já tinha perdido as aulas da manhã discutindo com seu namorado, Pedro. Ele estava perplexo. Tinham dado um tempo de um mês. Foi o suficiente para ela conhecer melhor Pablo, o melhor amigo de Pedro, e perder a virgindade numa noite regada a vinho. Sentia-se mal pelo que fez, mas não se arrependia. Queria que Pedro fosse o homem de sua vida, mas quem a iniciou foi seu melhor amigo. Ex melhor amigo, ela escutara. Após a discussão deles, Pedro foi procura-lo no centro acadêmico e partiu para cima como um animal. Afastaram seu namorado, que chorava xingando Pablo. Ana Luíza perguntou para ela o que houve, se estava bêbada. Ethel ignorou e continuou tentando rever o que houvera neste dia. Pablo e Pedro era amigos desde a alfabetização. Estudaram no mesmo colégio e tudo. Só para piorar , ambos sairiam no fim do ano engenheiros de telecomunicações. Pablo, na adolescência um tímido, agora era um dos mais populares da faculdade: grande amigo do ex-presidente do grêmio estudantil, que agora concorria a deputado federal, organizador dos maiores churrascos da faculdade, entre outras coisas. Já Pedro, que durante o segundo grau era conhecido como o "músico" do colégio, acabou entrando demais em sua música e virando um rapaz melancólico. Passou para a faculdade após ser expulso de seu grupo de amigos, que achavam-no muito "ácido". Também , destruíra vários dos namoros da turma, seja com comentários ou com chifradas. Foi nesta época que Ethel o conheceu. Uma patricinha assumida, ao se encontrar com alguém que jurava ser um antigo amigo mauricinho, acabou se encantando por ele. Virou uma punk de boutique por um tempo, até ambos melhor se conhecerem. Com a formatura perto, tomaram vergonha e pararam de cheirar éter e outras besteiras que faziam para tentar ser alguém na vida. "Pensando naquele retardado?", perguntou Caim, roubando um gole da cerveja dela e sentando-se na mesa. Ela nem virara para cumprimentá-lo, nem xinga-lo, como era de costume. Ela lembrou como uma piada ácida de Caim fez pensarem na vida. "Vocês serão o único casal que conheço que namorou sério do começo ao fim da faculdade!", tinha dito. Decidiram dar um tempo. Ele ficou em casa a maior parte do tempo escrevendo , compondo e estudando , só saindo para porres homéricos, acordando em uma praça qualquer de Vila Isabel com menos um documento na carteira. Ela resolveu curtir mais a vida, sair com o pessoal da faculdade, ir a boates que nunca tinha ido. A preocupação de Pablo com seu namorado que os aproximou. E a lembrança da época em que cheirava éter com ele que a fez perder a virgindade. Não se arrependia, tinha adorado toda e qualquer posição feita naquela noite. Mas queria que tivesse sido com ele. Um grito agudo em seu ouvido, seguido de um fedor de cachaça. Era Caim, tentando tira-la do transe. Ela falou um pouco com ele, que lembrou que havia um trabalho para ser entregue ainda naquele dia, uma lista de exercícios. A lista que ela e Pablo deviam ter feito ao invés de treparem a noite toda. E a manhã também. Pensou em responder que ia pegar com Pedro, mas se lembrou que não era o momento de pedir isso a ele. Não agora. Ele devia estar trancado no centro acadêmico, alucinado, escutando o vinil original do Pink Floyd, Dark Side of the Moon que por lá deixaram há décadas. Ela resolveu ir copiar de Pablo. Provavelmente era exatamente o que ele estava fazendo, na biblioteca. Deixou o dinheiro com Ana Luiza e se levantou. Caim resolveu ir junto dela. Incrível como todo gordo de óculos de engenharia, ao ficar um pouco próximo de uma mulher, já virava um grude até conseguir o que queria. Sexo. Sexo. Tenho que ir falar com Pablo , pensou. Esperou o sinal fechar. Não tirava a noite com Pablo da cabeça. Não por ter sido a sua primeira vez. Mas por ter sido maravilhosa. Ficou impressionada como seus pais, normalmente bem opressores, acabaram deixando ela dormir na casa de uma amiga para fazer o trabalho que ia copiar. Como esta desculpa colou? E porque logo quando era com outro , não com Pedro? Correu pela faixa. Não só por pressa, mas para se livrar de Caim. Pelo menos, era engraçado ver um gordo daqueles bufando para atravessar o sinal. Segurou a frente de sua mini saia para não levantar. Será que daria tempo de ir para a escada com Pablo? Sempre ouvira falar daquele lugar entre o nono e o décimo, e já estava preparada. Por que ela não conseguia tirar isso da cabeça? Pablo. Sexo. Exo com Pablo. Sexo com qualquer um que estivesse na escada. Deve ser o álcool, pensou. Ela tinha muita energia sexual guardada. Só perdera a virgindade há cinco dias, com 22 anos. E não era feia. Uma loirinha de 1m60, cabelos lisos até a orelha. Culpa de seus pais. Agora era hora de aproveitar. Se Pablo não quisesse ir, ia com qualquer outro. Não, Caim, não. Outro que pudesse. Foda-se Pedro. Aquele babaca fica fazendo doce, sentimentalismo por nada. Ela queria! E queria naquela hora. Agora ela era do mundo e nada ia impedi-la. Caim segurou-a para deixar um carro passar. Logo após, ao darem um passo, berros. Um corpo caira a quinze centímetros deles. Para ela, parecia que aqueles segundos demoraram anos. Era Pedro. O cheiro de éter era forte. Seu vestido ficou um pouco sujo de sangue e neurônios de seu namorado. Por que? Só por sexo? Só por uma noite? Será que sua calcinha também se sujara? Caim chutara o cérebro de Pedro que vazava. "Seu filho duma puta, mais um pouco e você me leva junto pro inferno!". Olhara para cima para ver de onde ele pulara. Viu Pablo, chegando correndo, com o rosto mais pálido do que já era. Conseguiram se reconhecer. Ela queria, no fundo, sorrir para ele, mas não era a hora. A ficha caíra só agora. Ela entendera realmente o que acontecera. Ethel ficara três anos longe da faculdade. Síndrome de Pânico e psicose maníaco depressiva bipolar, falou seu psiquiatra. Pablo esteve sempre lá para dar-lhe apoio. Estão de noivado marcado. Ela voltara para engenharia em outra faculdade agora, e até comsegue entrar na faculdade, mas jamais por aquela entrada. Ela nunca esqueceu o que Pablo falara que estava escrito numa página de caderno aberta no centro acadêmico, com a letra de Pedro. Não ser o primeiro , nem ser o último. Melhor não ser. |
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