There is Nothing Left to Lose

Bem, finalmente falar sobre o show do Ira no Canecão:

Já na entrada, vi cenas memoráveis: um cara de bandeja vendendo RedBull com uisque (no meio da rua é sacanagem), uma mulher de peruca preta, toda de preto, e de olhos azuis com um visual muito foda, uma garotinha tentando me convencer mesmo que devia comprar balas.
Aí entramos e esperamos um pouco. As dez entrou o Cajamanga, sei lá como se escreve isso. Primeira música, puta influencia de Rage?, bem legal. Segunda, é, mais ou menos. Terceira, putz, podia acabar, né? Quarta e quinta, um sofrimento. A banda mandava bem mesmo, mas as letras eram de uma profundidade de uma parafina na cabeça de um surfista. Depois da versào de Tudo Azul, do Lulu, quis me matar, as aí eles se salvaram por uma cover do Rage Against the Machine. Achei cômico uma banda que as letras se resumem a "O bicho vai pegar, demoro, vamo la galera, o mundo é mal, pra viver tem que ser animal" cantando uma banda tão foda politicamente, mas ok.

Uns dez minutos depois, vem o Ira.

Nota importante: quem nunca viu Edgard Scandurra ao vivo não sabe que o Brasil tem um dos maiores guitarristas e frontmen do planeta.
Começaram por músicas principalmente do último e ótimo cd, Entre Seus Rins (este título foi uma sacada de genio, se ainda não viu, pense bem o que é querer estar entre seus rins). Nazi com seu jeito tradicional, paradão mas gesticulando bastante, e mesmo assim conquistando o público com sua energia. Comentário idiota : dou uns 3 anos pro Nazi ficar carecão (não como o Edgard, mas bem careca).
Já Scandurra... nunca vi um cara ser tão interativo com a platéia. E ele toca muito. Ira ao Vivo é outra coisa. E não ache que por ter escutado o cd sabe como é. Eles sempre alteram solos, levadas, etc. Principalmente Scandurra, que faz miséria na guitarra. Ele fazendo a abertura de Flores em Você repetidamente com variancias e fazendo caras e caretas para o publico (como o fez o show todo) foi sensacional. Acho que ele não deveria ser somente um backing vocal e agir mais como fizeram na música Ser Humano, uma das melhores do show para mim (vi que quase ninguém conhecia e ficaram ababacados com a interpretação dele, uma ótima letra mesmo). Chegou ao ponto de habilidade e intimidade com a guitarra que ele tocou a guitarra arrastando as cordas no pedestal de microfone imitando o slide.
Percebi algo bem curioso durante o show: haviam teclados e violões às vezes no som, mas ninguém tocando-os no palco! Sacanagem com os músicos contratados isso!
Depois, mais alguns clássicos e fim. Voltaram para o Bis. Achei que seriam as tradicionais 2 ou 3 músicas. Meteram 5! E entre elas, ~~Nucleo Base~~ e outras grandes. Saíram, a cortina abaixou, mas pouca gente ia embora. Todos lá, em coro, pedindo mais. E tivemos mais. Fecharam a noite com mais uma, A Vida por um Fio (muito foda ao vivo) e a última, meio que improvisada (sim, vi o Nazi indo de um em um combinar) Foxy Lady, do grande Jimmy Hendrix.

Saí de la com a alma lavada de rock e suor. Mesmo com o joelho fudido, dei umas improvisações de danar (se é que se pode considerar aqueles movimentos que fazemos ao escutar rock como dança). Foi um showzaço, que achei uma pena estar com bem menos gente do que esperava (tinha espaço para andar e dançar na boa, isso sim eu gostei).

Pessoal de Sampa (não sei pq quase todos que leem este blog são de Sampa), confiram! E peam pelo RJ que eles toquem Pobre Paulista, que nào tocaram aqui (acho que por medo de ter cariocas babacas que quisessem vaiar ou sacanear este refrão).

PS: Não me liguei em dizer todas as músicas, mas tocaram quase todo o Ira ao Vivo e todas, exceto as 2 últimas, do Entre seus Rins, mais a Vida por um Fio.

disse Tommy Molto pelas 9/11/2002 03:10:00 p.m.